terça-feira, 26 de agosto de 2025

Livro- Retratos- As ruas

 

LIVRO

RETRATOS – AS RUAS

 

ÍNDICE

 

Biografia

Retratos- As Ruas I

Retratos – As Ruas II

Tributo a Parapuã

Minhas Ruas

Jovens Recordações

Rua Antiga

Ainda Ontem

Doce Retrato

Ruas

Erra Assim Antigamente

Velha Casa

Meu palácio

Suave Retrato

Quase Menino]

Anos Dourados

A Magia dos Poemas

Cadê Menino Cadê

Meninice

Tributo a Gonçalo

Meu Pai

Mágicos Anos

Roteiros

Velhos Retratos

Naquele Pedaço de Rua

Janelas Verdes

Tributo a Nossa Tupã

Cinzas

Pai

Versos no Teto

E Agora Carlos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Livro

Retratos, As Ruas

 

Biografia


Nasci quando o sol surgia

Manhã de setembro, quinto dia

Mamãe trinta e sete, papai quarenta

Quatro irmãs me antecediam.

De parto normal, forte menino

Quem me viu primeiro foi a parteira

Também sei que ela era enfermeira

E segundo minha mãe foi a primeira

A dizer que eu era forte e bonito.



Foi lá no final da " Chavantes"

Número não sei, casa de madeira

Anos cinquenta, quase primavera

Vagas lembranças, mulheres nas janelas

Crianças peladas brincando na terra.

Depois de alguns anos, a mudança

Paiaquás, rua quieta, beira da linha

Cheiro de tinta fresca, gritos pela casa

Ecos, e um pé de amora na beira da cerca

Vapor, serraria, brinquedos, fogueira

Nas tardes meu pai me levava pra estação

E ali extasiados vendo os carros, os vagões

Eu lhe dizia os meus sonhos de então

Para ele um calhambeque, pra mim um carrão.

 

Primeiro ano, professora primeira

Dona Aparecida, bondosa, faceira

Segundo grupo escolar, perto da avenida

Onde hoje funciona os Bombeiros

Em tempos de chuva, pela Nhambiquaras

Descíamos da Paiaquás, cruzando a Tabajaras,

Atravessávamos às vezes fortes enxurradas

E já na Mandaguaris, ao cruzar o Jardim Dom Bosco

 Fascinava-me a grandiosidade daquela estátua

Um homem tal qual gigante, um menino

Um sentimento no peito profundo, divino.



Quando já no segundo ano, outros planos

Caminhão, mudança, vômitos de banana

Poeira da estrada na cara, entre bugigangas

Flores, cachorro e samambaias.

Cidade pequena, duas longas avenidas

E lá quase no fim de uma delas, numa travessa

Casa de madeira velha, empoleirada, enegrecida

No quintal muita areia e uma grande paineira

E um festival de baratas.


As tarefas rotineiras, rachar lenha, puxar água

correr atrás das galinhas, e a noite ir na esquina

ver um cearense cantar: “Noite cheia de estrelas”

Às vezes também sair em desabalada carreira

Correr do medo, em um passeio qualquer

Passar a ponte mal assombrada

Onde diziam ter achado algumas caveiras

Chegar em casa aliviado, mas com muita canseira.


Mas lá para as  bandas do centro da cidade

Meu pai conseguiu um terreno, de esquina

Ali fizemos uma casa, uma primavera ao lado

E em frente, um grande e belo gramado.

Doze anos, quarta série, um menino apaixonado

Menina de verdes janelas, de olhos esverdeados

Uma   amizade sincera, um sentimento escondido

um amor que agora eu sei, nunca foi correspondido.

 

E nem só aquelas janelas
Deixei em versos estampado
Ficou teus olhos, teu riso aberto
Teus passos ecoando no asfalto
E as ilusões daquele menino apaixonado.

Belos tempos aqueles do ginásio
Saía de casa, seguia avenida afora
Dobrava a rua do cinema
E pela rua Alagoas, sem problemas
Íamos pra escola, eu, o Gava
A Regina, O Valdeci e por vezes outros amigos
Parece mentira, mas inda ouço em meus ouvidos
Aquele gostoso alarido dos intervalos.

Coxinhas da Dona Isaura
Burburinhos em salas de aula
" Fusquinhas" em comemorações
Salão  nobre, orfeão
e o " Doda" procurando pelo espaço
O time dos engraçados
Mas quando ele nos olhava
Ficávamos todos comportados.

Por fim a formatura
Primeiro terno, salão de costura
Entre o cinema e a avenida
Seu Josino, grande homem, bom amigo
Dou-lhe  um merecido lugar neste poema.

Colação, baile no " Galinheiro"
Luz negra, emoção
Bate mais forte o coração
Leopoldo e sua orquestra no salão
Ultima valsa, última canção
olhos nos olhos, suor nas mãos.

Início do ano de sessenta e oito
Alcei um pequeno voo então
Entrei no meu " Curso Normal"
Cidade de Tupã,  Índia Vanuíre
Instituto de Educação.

Toda segunda, trem das nove
Rumo a Herculândia, eu e meu pai
Saudades vem, saudades vai
Balanço que vai entoando
cantigas iguais.


Calhambeque do seu Artiminho
Fumo de corda, pó de serra, serraria
E a noite, " Latão" seguindo de mansinho
Pra escola todo dia
Entre idas e voltas e cantoria.


A meia noite quando eu  voltava
Seguia sozinho na rua vazia
O latido dos cães nas ruas em sinfonia
Trilha sonora pra versos que nasciam
E meu pai que  acordado me aguardava
a gente conversava
e caia no sono pra recomeçar noutro dia.

Era assim toda semana
O  sábado chegava
a gente fazia a mala e partia
O trem noturno das sete nos esperava
E pra nosso aconchego a gente ia
Final de semana, minha mãe, minhas irmãs
Minhas doces e verdes  janelas
Ah! meu Deus quanta alegria.

No ano seguinte, transferência
Deixei Tupã, fui estudar em  Lucélia
Satiko, Laudeci, Gava, Glicéria
Maria Lucia, Duareski
E as meninas de Iacri
Diva, Tereza, Marlene
E em princípio, táxi do Lombardi
Idas e vindas tão lindas
Depois, trem,
Tempo bom que não mais vem.

Vinte anos, bagagem nas costas
A porta aberta, abraço apertado
O trem na estação parado
Três longos apitos, um último aceno
Hora de dizer até mais pro meu doce passado.

A estação foi ficando um ponto distante
Passei o pontilhão, revi todas as ruas
As casas desfilavam em correria
No peito um dor dilacerante nascia
E naquele balanço da viagem
Eu fazia a minha passagem
Do final da adolescência pra mocidade.

O trem rompendo a madrugada
As primeiras luzes, as primeiras casas
Coração em sobressalto
Só ruas desertas, paisagem adormecida
Subúrbio e silêncio em mais nada
Somente aquele apito insistente
Anunciando  a chegada.

Depois os prédios, as avenidas
Aquela imensidão de luzes coloridas
Estação da Luz, São João
Duque de Caxias, Sorocabana
Júlio Prestes, Osasco e Vila Yara
Uma casa azul, portão ao lado
E no fundo, alguns quartos
Cama de campana, pulgas, sereno
BHC sob os lençóis, bengalas e pingados.
Primeiro trabalho
Cidade de Deus, Cobrança Fora
início do mês de março
Poesias nascidas em papel amarelado
Amigos nascentes, tragadas em cigarros
Mudança pro quarto 54, Conjunto C
E aos domingos pro aconchego da " Gonçalo"
Rua de árvores quietas e empoeiradas
Um amigo pra uma vida inteira
Peladas na serraria, caipirinha e macarronada.

Cursinho à noite na cidade
Consolação- Etapa,   Liberdade- Capi vestibulares
Ônibus lotados, prostitutas nas calçadas,
Obras do metrô, tempo de repressão
Uma linda canção
" Pra não dizer que não falei das flores"
Policiais, metralhadoras, medo, agonia
Pesadelos, gritos, noites frias e dores.


Nossa alegria: Cinemas na cidade
Copam, Cinerama, Espacial
lanchonete em finais de semana
Cerveja, xburger, Campari
Cavalos d pau, que saudade
Gatinho Drulhinho, Auto cine Moon
E O Hélio Ribeiro no radio
canções traduzidas, emoções contidas
partidas, chegadas
Roupas no varal dependuradas.

Mas foi na " Sacadura"
Um imensa rua de  apenas um quarteirão 
Que me viu tantas vezes noite afora
dobrar a Santa Terezinha
que deixei meu coração
E em seu lugar levei tantos afetos
Dei adeus pros meus amigos
E voltei peito dolorido
Pros braços do meus pais e  meus irmãos.

Chorei na partida, chorei na chegada
 Mas era preciso seguir a caminhada.


22/07/2015 - quarta- feira-23h48
Casa de esquina, doce madrugada
Chegada, abraços, mochila, lágrimas
O cenário agora modificava-se
E as saudades uma vez mais acumuladas.

Trabalho fora, um pouco distante
Era o que se tinha pra viver agora
Não mais Osasco, nem Bradesco
Nem Vila Yara, nem mais nada.

Nem mais almoço aos domingos
na  " Sacadura" tampouco na " Gonçalo"

Aquelas ruas, aqueles entes queridos deixei guardados
Pra sempre no fundo do meu coração
"debaixo de sete chaves"
Tudo aquilo agora um doce retrato
Emoldurado pra sempre nas minhas emoções.

Música sertaneja, cavalos, poeira
Que hoje faceira em mim se levanta
Nossa Caixa, Pacaembu, cidade primeira
Hotel São Paulo, quarto de pensão
Linguiça ensopada, queijo empanado
café da manhã, almoço, janta
e sessão de cinema a semana inteira.

Chegava-se quando a tarde de domingo já descia
Voltava-se de trem nos finais de semana
Parapuã- Pacaembu, Pacaembu- Parapuã
E o tempo todo uma  louca vontade
De romper a distância das cidades
Pacaembu, Parapuã, Osasco: saudades
Deixar pra trás aquele cenário
e nadar feliz de volta pro meu aquário
Ali estava eu repleto de saudade e mágoa
Um verdadeiro peixe fora d'água.


Mas foram tão poucos os meses
Deixei Rita,  Tião, Milton, Alexandre ,
Luiz Antonio, Alécio, Rosa e Neide
E tantos outros amigos dos quais me lembro muitas vezes
Entre lágrimas contidas que ninguém imagina
Deixei Pacaembu para sempre
Cheguei em Adamantina
Hotel Santo Antônio, em princípio
Edgar, Joel, Rua Deputado Salles Filho
Depois viagens todo dia
Mal amanhecia
Duas quadras de casa, estação rodoviária
Expresso  Adamantina
Destino Nossa Caixa
Lenir, Álvaro, Luíza, Gilberto, Idalina
Neusa, Carmo ,Sonia, Ana ,Alice,
Carlos Lacir. Dirce e Edite
Novos amigos
Risoles à tarde, banco de jardim
Corcel do meu amigo  Salvador
Faculdade em Lucélia, hora de ir
Hora de volta, meia noite,
Silenciosa rua Paraíba em minha cidade
casa de esquina, pequena, divina
Quatro anos nesta vida
Diplomado:
Um adeus , coração apertado
Don't cry for me  Adamantina


Tupã, Nossa Caixa, esquina
Tamoios, Carijós, novos amigos
Curso de direito, casa da minha irmã
E nos finais de semana, Parapuã
Meus pais, minhas lembranças
vida nova, mudanças.

Foi assim o ano inteiro
Depois pra uma casa
nos altos da Santa Casa
pequena, acolhedora, bonita,
Minha mãe, eu e meu pai
deixamos um "ai" de saudades pra trás
Um belo tempo, toda uma vida
Desenhada naquela antiga moradia
que ficou em nossos corações estampada
pro resto dos nossos dias.

Uma nova agência construída
Pré-fabricada, a toque de caixa
Aimorés, próxima da avenida.

E por ali, anos e anos
chegaram amigos, amigos se foram
amigos partiram
Curso terminado, formatura
Álbum de direito, foto na parede
Minha mãe, amor desta vida
fez sua despedida
 e em 1987 virou estrela.

Fez-se necessário
mudar o local de trabalho
Um prédio na esquina
serviços internos por um longo tempo
Mas é chegado o momento:
Marília ou de novo Adamantina.



Marília, lá vou eu 
Joel meu amigo

Sub gerente dos tempos

De Adamantina

Te reencontro sorridente

Agora como meu novo gerente

ônibus cedo, ônibus à tarde
viagens
daqui do Serag Tupã fomos eu e a " Galli".

Eram corridas nos finais de tarde
ônibus não espera
se você se atrasa, parte.

Mas logo me acena
 uma quase volta
Adeus novamente, adeus Marília bela

novo salto, nova agência

Quintana me espera

De braços abertos, 
Bem mais perto, bem mais perto
O Cristo no trevo, a rua comprida
Uma predio pequeno, bonito
E aconchegantes amigos
pra uma vida inteira.

Ali tive histórias que guardo comigo
Foram nove anos muito bem vividos
Churrascos, assaltos,
tratores no asfalto
Protestos de agricultores
Quintana!
Dos meus jardins
Tu foste uma das mais belas flores


Mas veio o tempo
chegou o momento
E por trás dum triste sorriso de Adeus
deixei os braços teus
E voltei ao palco que me viu nascido.


Não que eu quisera ter vindo
Quintana era um jardim florido
Nove anos ali vividos
Já quase me tornara um de seus filhos
Lutei, mas não teve jeito
Mesmo a contra gosto, contrafeito
Fui requisitado, obrigado
E assim me vi transferido.

Era reabertura dum posto de serviços
Em princípio, eu e mais um amigo
Foi uma boa convivência
"Miranda" era um cara especial
Bons clientes, bom clima
Eu não queria era voltar pra agência central
Mas uma terrível doença
Não tardou a levar meu amigo de  serviços
E em decorrência disso
tempos depois fui transferido
Foi mal mas foi bom em outro sentido
Apesar de muita pressão e cobrança
O aconchego de bons amigos
Mas sede de lucros, metas diárias
Eram como setas que nos deixavam aturdidos
E vencendo dia a dia, cada etapa
Chegou 2008 e eu havia cumprido
Meus trinta e oito anos de serviços
Gloria a Deus e Virgem Maria
Saí imune nos braços da aposentadoria.


Fiquei saudoso dos afetos que ficaram
Pra ver o Nosso banco ser vendido
E foi mais triste um pouco mais à frente
Ver todo aquele cenário destruído
O fogo consumiu todas as lembranças
As labaredas transformaram tudo em cinzas


E hoje se passo por lá ainda
Tudo o que vejo é um muro alto
terreno vazio

E um vazio imenso de todo aquele passado



 Faustino Poeta
28/04/2017 - sexta-feira - 13h31

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Retratos

As Ruas I e As Ruas II  

 

 Retratos

- As Ruas I -

 

Passar o pontilhão, cair na avenida

Que se abre, alegre, simples, bonita

Dobrando o primeiro quarteirão, à esquerda

Após ele, estampado na esquina,

 o parque infantil, a caixa d’água,

A casa da Dona Maria, da Tania

Do Ademar, Toninho e Albertinho

E apenas a dois passos a pé

A casa do Mauricio, Ivanilde, Nené

 

Entretanto, seguindo mais adiante

Sentido estação, um quarteirão apenas

Logo à direita, Rua Goiânia 1307

A casa de uma grande família

Moacir, Pedro, Kiki, Maquininha

Edna, Ednéia, Maurilio e Cecilia.

 

E bem defronte a casa do Mirão

Da Marineves

Um lindo pé de paineira

Coberto de Maracujá

Balanços e brincadeiras

Amizade verdadzeira

 

E bem defronte, a casa do Mirão, da Marineves,

Um lindo pé de paineira, coberto de maracujá

balanços e brincadeiras

amizade verdadeira;

E não me lembro bem ao certo

Mas morava ali por perto

A minha também amiga

Ivete

 

 

Mas se ao adentrar e escolher dobrar

O segundo quarteirão à direita

Chega-se a casa de grandes amigos

Marlene, Mi, Lucimara e Luizinho

E bem defronte, a casa do Valdeci

Cidinha, Donizete e Carlinhos.

 

Passa o pontilhão, cair na avenida

Que se abre alegre, simples e bonita

Se dobrar o terceiro quarteirão à direita

Na próxima esquina, a casa do Carlão

Bete, Vera  e Cristina

E quase defronte, a casa da Lucia

Marcio, Lidia, Inocente, Deen

Zezé   E Regina.

 

E seguindo rua Paraíba  afora

É só atravessar a esquina, bem perto

A casa do meu amigo Gilberto.

 

 

Passar o pontilhão, cair na avenida

Que se abre alegre, simples, bonita

Dobrando o terceiro quarteirão

Agora à esquerda, a casa do Agostinho

A praça da matriz,

Mas se cortá-la em diagonal

Chega-se na antiga casa do Clorisval

Tendo ali logo a direita, o Salão Paroquial

Donde se avista em frente, o Grupo Escolar

 

E da casa do Clorisval, seguindo adiante

Alguns quarteirões à frente, O ginásio estadual

Salas de aulas hoje silenciosas 

Saudades Dona Vanda

De sua preciosa aula de matemática

Temática álgebra, e sua frase histórica

“A matemática é para a vida,

como Deus é para a eternidade”

Ali base, conhecimentos, comemorações

Desfiles, amizades, canções inesquecíveis

Momentos memoráveis, saudades.

 

Passar o pontilhão, cair na avenida

Que se abre alegre, simples e bonita

No quarto quarteirão, na esquina

A sapataria do Angélico, a casa da Sonia

Silvia, Silverley e Sergio

 

E no quinto quarteirão à direita

Logo ali na outra esquina

O Clube social, “ Galinheiro”

Noites de luz negra, olhos nos olhos

A sensação do amor primeiro

 

E no quinto quarteirão à esquerda

Seu Gentil, Jacó, Amélia, Tania. Telma

O cinema, programa certo nos fins de semana

Um toque leve de mãos, um olhar furtivo

Um beijo roubado no escuro

Eu juro, tudo isso ainda me emociona

 

E bem ao lado, um salão de costura

Seu Josino, grande homem, grande amigo

Que fez meu primeiro terno, o de formatura

Pai do Sidney, Osvaldo, marido de Irene

E tio da Marilene

E por ali, quase em frente, número não lembro

A casa da minha agora amiga Christina

Uma linda menina, uma beleza morena

Mais uma flor que naquele jardim floresceu

Por um bom tempo.

 

Enfim

Quando passar o pontilhão, cair na avenida

Por todos os lados, por todos os cantos

Lembranças de tantos amigos e amigos tantos

Amigos que já partiram, amigos que já se foram

Mas que estarão sempre guardados

E nos corações eternizados

 

Revivendo tudo assim contido nesse tempo

Amores, adolescência, sonhos, esperança

Ficar estático assim por longos momentos

Fotografar todas essas lembranças antigas

E guarda-las no álbum do coração

Pra sempre, por toda a vida.

 

Memórias de Parapuá

 

Faustinopoeta

24/11/2011 -quinta-feira -09:38

22/02/2021-terça-feira -21:36  (revisão)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Retratos 

-A s ruas II –

 

Passar o pontilhão, cair na avenida,

Que se abre simples, alegre e bonita,

Se dobrar à direita, primeiro quarteirão,

Encontrarás a casa da Sandra,

 do Alceu e da dona Encarnação

E um pouco mais abaixo, a casa da Railda,

Rosalice, Romilda, Reynaldo e Regina.

 

Mais uns dois quarteirões à frente,

Prefeitura, Foto Aurora,

Mercearia Lisboa e bem ao lado

A casa do Tuffi, da Mafalda e a padaria,

Hotel Avenida, Café Canaã

( bar do Toninho)

 E passando a esquina

Chiquinho dentista

Farmácia do Zoilo, casa Barradas

Bazar do Aristides e do Yamazaki

Gráfica  Luis Mazine

Dalla Pola  alfaiataria

Sapataria do Salvador Ricco

Pai do nosso amigo Kiko

 

Seguindo um pouco adiante,

Avenida Pernambuco,

Descendo por ela à esquerda,

na próxima esquina,

serraria, toras, poeira, antigas brincadeiras,

Primeiras companhias, Mercedes, Dida, Rosinha,

Bete, Sonia, Neli, Flávio,

Roseli, Afonso, Dona Maura, doces vizinhos,

Por ali também moravam  minha irmã e três sobrinhos.

 

Um pouco mais na “baixada”, uma máquina de café,

Luís Carlos, Betinha, Cidinha e também, Zequinha

 Os filhos do seu Nicanor,

 Um lugar de trabalho e também de muito amor.

 

E bem perto da ponte, uma grande horta,

E se não estou enganado,

 Seu Juvêncio e família, cuidavam daquele espaço,

Seguindo um pouco mais à frente,

 bem doutro lado da rua,

 o barzinho da Emília, transparentes vidros,

fartos pedaços, de pães de ló, dum delicioso amarelado,

Surpresas em caixas de doces, correntes, brinquedos

Anéis e outros jamais vistos ou sonhados

 

Por ali sempre eu passava, em desabalada carreira,

Diziam que naquela “baixada”, a ponte era mal assombrada.

Mentira, verdade, melhor correr, nunca se sabe

 

Um pouco adiante da avenida

Numa rua logo à esquerda

A casa de uma grande amiga

Lurdes, Dona Antonia

Seu Vitalino, Margarida

Marilene, Marta, Marcos, Marcio

Marcolino, quantas saudades

 

A rua onde então morava,

 ficava somente a duas quadras,

da Avenida da Saudade,

 dali se via quase toda a cidade,

E o som do alto-falante, por lá de manhã, de tarde,

Às vezes a gente assustava,

quando o som da Ave Maria,

Tão triste por ele soava, era notícia de morte,

Mas pra compensar o susto,

 também haviam canções

Que embalavam a alma ou assanhavam corações.

 

Vez ou outra na esquina, da rua em que eu morava,

Um cearense sentava na porta da fábrica de fogos,

Faísca denominada, e com seu violão cantava:

“Noite alta, céu risonho, a quietude é quase um sonho,

O luar cai sobre a mata, verdejante, cor de prata,

Com tamanho esplendor, só tu dormes não escutas o teu cantor...”

 Depois de certo tempo, mudei mais pro centro da cidade,

Guardei num canto do peito, lembranças daquele espaço.

 

Mas pra alguns versos acima, voltemos por um instante,

Vamos chegar novamente na Avenida Pernambuco,

E ao invés de dobrar pra baixo, pra esquerda agora vamos,

Casa Dias na esquina tendo ao lado a sorveteria

Do nosso amigo Ademar Yamasaki;

Mas seguindo um pouco a frente, mais amigos encontramos,

Tereza, Ademar Penha, Solange, amigos que reencontrei

Depois que se passaram muitos anos.

 

 Lá pras Bandas do Ginásio, Alice, Celso Tsubaki,

Também por ali  funcionava, antigo grupo primário,

Um quarteirão inteirinho, recheado de saudades,

 

Na hora do nosso intervalo, no muro encavalados,

Pedíamos no bar da frente, refrigerantes, doces, salgados,

Da nossa amiga Helena, o pai era o proprietário.

E só lá no final da avenida é que ficava, a casa do Zé Callegari.

 

Não me esqueci dos amigos, ao cruzar a “Alagoas”,

Meu coração bateu forte, “Pra direita” “Pra esquerda”,

Nas manhãs sempre em passava, desde o quarteirão da igreja.

Seu Josino, Dona Irene, Sidney, Osvaldo e Marilene,

Quase no final da rua, por ali também moravam.

 

Dona Terezinha, Ismênia, Eliane,

Elvio Crés, Paulino Carrara,

Subindo “Alagoas” afora, se não me falha a memória,

Seu Agostinho, Zuza, Luiz Carlos, Rosa Maria...

Onde mesmo morava o “ Doda”?

Enfim seguindo adiante, Cinda Clarice, Surubim, Zé Tofolli.

 

 

Chego à rua do cinema,

 Dona Maura, Sonia, Bete,

Roseli, Flavio, Neli, Dida e Raulzinho

de novo morando vizinhos,

Marilu, Dunha, Rosa Cabrera,

 Cida, Aldemir Morales e Francisca,

Walmir Teixeira, Clarice, Nilton

 Wilton, Marlinda, Guinin,

Pigmeu, Arnaldo e Christina;

 onde morava mesmo o Kiko?

Na Rua Sergipe abaixo,

 entre a “Paraíba e a Avenida”?

 

 Depois Alagoas acima,

Amigos, Ortiz e Melotti,

Delcio, Dirceu, Dirce, Dalci Alves,

 Professora Heleninha e Nina,

Chega-se ao Jardim

, Maria Isabel e Francisco,

Fonte Luminosa,

 canções do Roberto e pipocas,

Sábados e domingos,

amigos ou namorados,

Solteiros ou casados,

que por ali passeiam, passam,

Ou então ficam sentados,

 ladeados de arvoredos,

Tendo por companheiro,

 o antigo prédio do Correio,

A casa do Isidoro, da Cibele, da Solange,

Que agora moram tão longe,

Mas nunca estarão distantes

 das lembranças da cidade.

 

Perdão meu saudoso amigo

Meu eterno amigo Glauco

Não me recordo onde moravas,

Mas estará eternizado

Em todas aquelas ruas,

Onde  deixaste teus passos.

  Mas se adentrar a cidade

e seguir avenida afora,

Sem dobrar qualquer esquina,

Depois de todo o comércio,

Bem depois da Perambuco

Maria Luisa Cinacchi

Com seus pais ali morava

 E bem lá no fim da “baixada,”,

A casa da Umbelina, dos Pacheco,

 E  do Osvaldo, meu cunhado.

 

Passar o pontilhão, cair na avenida,

Que se abre alegre, simples e bonita,

Dobrar a primeira rua à esquerda,

E caminhar só um pouco,

Passar pela casa do Alcides,

da Cleuzinha,

E já de longe dá pra divisar a estação,

como se inda ontem fora,

O trem no seu apito de magia,

o corre-corre de uns,

sorrisos de alegria

 presente em toda chegada,

Abraços de despedidas

 lágrimas nas partidas,

A “Jabiraca”, linda

 parece inda estacionada,

No fundo de nossas saudades

foi tudo o que nos restou,

Mais nada.

 

 Mas descendo pela avenida afora,

Na segunda esquina, Luiz Gava,

Loja e residência,

A adolescência é que agora retorna à memória,

Amigos de outrora, de sempre,

E um quarteirão abaixo apenas,

De um lado, Beto, Joel, Dona Nair,

Do outro, Gildo Soares, Geny,

Fausto Bonfim, Guiomar,

É todo um mar de lembranças que explode,

Dos meus tempos de criança, de rapaz.

 

Dali, Paraíba afora, em cada casa,

 em cada esquina que se passa,

Estampa-se uma expressão, um rosto,

Sandra, Silverlei, Sueli, e também por ali,

Lurdes Martins e Gilmar,

E bem ao lado da minha

Inesquecíveis Seu Vicente, Dona Hilda,

Lurdinha e seus irmãos

Piano e um mar de lindas canções

E em casa que foi de Regina, Zezé,

Dona Lídia, Inocente,

Lucia, Marcio, Maria do Carmo,

 Padre Jeronimo e Norma

Foram morar.

 

Cruza-se a “Rafael Alonso de Campos”

e bem na esquina, Casa do Quincas, da Terezinha,

Eu acho que inda estou certo, na rua logo abaixo,

A casa da Creusa, da Cleide, da Santa e do Pérsio.

 

Mas quase perto da esquina

Subindo rua acima

Casa do Reimar, da Laura Perez

Bem antes de cruzar a avenida

Mas se cruzá-la

 Seguindo rua afora

A casa do Daniel, Reinaldo

Odete, também Celinha

Canções numa garagem

Brincadeiras  dublagens

 

Vamos Paraíba afora,

tendo sido um certo tempo

Denominada “Eleutério”,

um pouco a frente da minha,

A casa de um bom amigo,

querido, saudoso, Gilberto,

Passando a casa do Zinho,

do Rui e de toda a família,

Chegamos a casa das ‘Dirces”

da Dirce,  Darci e da Dulce,

Tendo quase ali por perto,

a casa da Sonia, do Silvio,

também do Silas e do Sergio.

E numa rua que se cruza e desanda

 lá pros lados do Estádio,

Nela também se estampa

 lá no fundo da s lembranças,

A casa da Jane   e Julinho.

 

Eram dois quarteirões apenas,

 da casa que eu morava,

Até a rodoviária, hoje já antiga,

 pois outra já foi construída

 

Mas nos tempos de outrora,

 ficava ali na Avenida,

Bar da Mamãe, Bar da Tania

, ônibus pra todos os lados,

E o alto-falante, saudade,

“A voz democrática da cidade”.

 

“Voltando pra” Eleutério”,

 agora já “Paraíba”,

A um quarteirão das avenidas,

 São Paulo e Pernambuco,

A casa da Adelina,

 Doutor Edmundo, Julinha,

E a antiga casa da Dida

, defronte a delegacia,

Tendo só um passo a frente,

a casa do Joaquim,

da Amélia, João e Arlindo,

Como é tão doce, tão lindo,

passear pela cidade,

E rever cada canto,

recordar cada amizade. 

 

Revivendo tudo isso

 assim contido nesse tempo,

Infância, adolescência,

amores, sonhos e esperanças,

Ficar estático assim por momentos,

 fotografar todas essas coisas antigas,

E guarda-las pra sempre no álbum do coração,

Por toda a vida.

 

Faustino poeta

06/11/2013 – quarta-feira - 01:17 15:42

22/02/2021-terça-feira -21:36 (revisão)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TRIBUTO A  PARAPUÃ

 

 

Parapuã, cidade coração

Das minhas verdes janelas

Casas quietas, ruas desertas

 

Parapuã, pequena na sua imensidão

Acalenta tantas lembranças

Tantas vozes antigas tu abarcas

Tantos risos de quimeras

Tantos sonhos, tanta espera

Nas tuas ruas caladas

 

Tão distante, mesmo perto

Esta Parapuã adolescente

Menina cidade, que ainda fascina

Por conter tantas lembranças

 

Saudades das madrugadas

Em que O Prata passava

Lá na esquina de casa

Aporta entreaberta

Minha ma~e me abraçava

O meu pai me esperava

Velhas casa de velhas tábuas

Pintadas de amarelo

 

Parapuã já me viu menino

Adolescente, hoje me vê adulto

Em tuas ruas me perco

Em teu eio me encontro

 

 Também sou teu filho

No meu coração tens abrigo

Nos meus versos te retrato

Parapua, por tudo, muito obrigado

 

 

Faustino Poeta

18/08/20122-sábado-01:20

MINHAS RUAS

 

 Chavantes, final de rua

Apito de serraria

Já acena a primavera

 Em setembro o quinto dia

Da semana a terça feira

 Nem muito sol e nem lua

São nove meses de espera

E nasce um novo rebento

 Dali só poucas lembranças

 Deste pedaço de infância

 Aos cinco anos, mudança.

 

 Ecos na casa vazia,

 Paiquás e tinta fresca

Amoreira no quintal

 Búricas sobre a parreira

Ate quase nove anos

Meu Deus quantas brincadeiras

 Trem partindo da estação

 Crianças portão aberto

Sai correndo o velho cão

 Sangue e chutes e gritos

Mordidas e o Seu Francisco

Vizinho rolando ao chão

 Fogueiras de Santo Antonio

De São Pedro e São João

 

 Bem ou mal, nada perdura

De repente vem mudança

Poeira de estrada, tralhas

Cachorro e samambaias

E vômitos de banana.

Mas is que logo acena

Parapuã tão pequena

Estendendo os seus braços

Feito duas avenidas

A partir do pontilhão

Um L Pura emoção

São Paulo com Pernambuco

Casa velha de madeira

No quintal uma paineira

Maranhão, meia, nove, meia

 

Pó de serra nas retinas

Serraria e menina

 Entre “ paieiros” e toras

Meu pai ali trabalhava

Depois “ Paraíba” afora

 Ergue-se casa de esquina

Jardim com muitas roseiras

Primavera no quintal

Brincadeiras na calçada

 Um sutil toque de mãos

 Descompassa o coração

Nas faces leve rubor

E meus olhos procurando

Os s olhos do meu amor

Por volta dos dezessete

Ginasial terminado

 O trem foi mais um caminho

Por Deus pra mim enviado

 Segunda manhã cedinho

Seguir pra voltar no sábado

Morava toda a semana

Pode até dizer: Não sabe!

Com minha irmã em Herculândia

Avenida Campos Salles

 

Três anos de amizades

Que inda trago comigo

 Mas aos vinte de idade

O trem da vida apita

Leva os sonhos de então

Parapuã se despede

Ao passar o pontilhão

Emoção me descontrola

Adeus Oh! doce cidade

 No peito brota saudade

 Dos meus pais, dos meus irmãos

 

 Em São Paulo bem cedinho

Antes de o sol dar a graça

E inundar com sua presença

Da Luz até a Vila Yara

Seguindo pra Julio Prestes

Pegar o trem do subúrbio

 Depois de algumas paradas

Descer no Largo de Osasco

 Entre tenso e assustado

 Em uma casa azulada

Com muitos quartos ao fundo

Naquela rua encurvada

De nome Avenida Yara

Foi ali que fiz morada

Uma padaria perto

Autoescola e lanchonete

Sereno no colchonete

Pingado de leite e groselha

 Radio de pilha na orelha

 Pingos batendo na telha

Um símbolo de alegria

 Se faltar água algum dia

Muito bem vinda essa ajuda

Pra um belo banho de chuva

 

 Alguns meses e um pouquinho

Sorrir ao ser premiado

 Um lugar limpo, novinho

Pronto pra ser ocupado

 Cidade de Deus-Osasco

Conjunto C- cinco quatro (54)

 Outras ruas que inda guardo

 Como se fossem tão minhas

 Gonzalo e Sacadura

Também Santa Terezinha

 

Como é bom relembrar sobre

Tempos de Cuevas Torres

Varanda final de semana

Vinicius, Toquinho no radio

Seu Josino nas costuras

Repleto olhar de ternura

Quão doces são estas lembranças

 Saudades que o tempo encanta

 

 A v. Gonçalo Madeira

Casa na beira do rio

 Árvores um tanto quietas

 Uma rua empoeirada

 Caipirinha e macarrão

Discos vinil na vitrola

Lágrimas de quem não chora

 Viaja em canções, viaja

 E acalenta o coração

 

No varal dependuradas

Tantas lindas roupas alvas

Versos sendo construídos

Destes belos anos vividos

 Rua Gonçalo Madeira

 Amigos pra vida inteira

 

Sacadura tão pequena

Apenas um quarteirão

 Onde deixei os meus passos

E também meu coração

 Como filho adotivo

Eu tive os meus motivos

Pra chorar de emoção

Quando parti ressentido

 Sem esses pais e irmãos

 

E anos devoram meses

 Esses por si levam dias

Seis anos passam depressa

Minha mãe não se avexe

 Voltar, voltar mãos em prece

Me abençoa, Ave Maria

 Adeus Zezé e Rosinha

Adeus amigos irmãos

 Segui viagem inteirinha

Com aperto no coração

 

 Eu não sabia direito

O que sentia em meu peito

 Chorar triste na partida

 Ao despedir desta vida

Seis anos fora de casa

 Deixei ali tanto afeto

Um sentimento completo

Que até no ultimo abraço

Deixei de mim um pedaço

 

Ao chegar a minha casa

Ao adentrar o portão

 Madrugada, rua quieta

 Descompassa o coração

Misto de lágrimas, risos

E explosão de emoções.

Todos ali abraçados

Um laço pra toda a vida

 Um amor puro, sagrado

 Quem tem mãe e pai que o diga

 

Domingo à tarde eu saia

Aos sábados retornava

De volta à Paraíba

Nos tempos que eu trabalhava

Em ruas de outra cidade

 Vereador Gomes Duda

 Pacaembu, não muito longe

 Até que tive ajuda

 

 Adamantina me acolhe

Ali mais perto, viajo

Venho cedo, volto à tarde

Nos braços de minha rua

 Adormeço e bem cedinho

Retorno pro meu trabalho

Tempo corre, passa tempo

Quatro anos vão-se embora

Tantos amigos que tenho

Vão ficando nas memórias

Cidade Natal me chama

Muda o meu itinerário

 

Vida de idas e vindas

De voltas e viravoltas

 Que dor revira meu peito

Quando a casa se esvazia

Quanta vida estampada

 Em suas paredes fica

Despedida tão sofrida

Dor que no peito lasciva

Quanto a vejo lá da esquina

Último Adeus, velha casa

 Vou te deixar retratada

 No profundo do meu ser

Em quase todos meus versos

Enquanto eu puder viver

 

 É Tupã que me acolhe

Trabalho, escola, lazer

Mas algo que não se escolhe

 Não vale o nosso querer

É levantar todo dia

 Bem antes do sol nascer

Revestir-se de coragem

Viajar pode ser parte

Casa, viagem, trabalho

 Trabalho, casa, viagem

Viver assim é uma arte

Viajar mais um bocado

Só aumenta o meu legado

 Currículo do meu viver

 

 Nesta fase alguns anos

Uns nove pra ser exato

 Depois que voltei pra casa

Não assentei minhas asas

Voei neste breve tempo

 Em idas e vindas diárias

Quintana, João Villadangos

Tempo muito especial

 Marília lembranças várias

A v. Sampaio Vidal

 

 Na " Conceição" onde vivo

Há tempos perdi a conta

Pra onde vou, pra onde sigo

 Só Deus que pode escrever

 Das ruas onde passei

Todas deixaram saudades

Todas estão comigo

La no fundo do meu ser

 São meus olhos, são meus braços

Minhas pernas e meus passos

Amores que conquistei.

 

 Faustino  Poeta

13/01/2018 - sábado -11:00




Jovens Recordações

 

Aos domingos missa na Matriz

Depois canções na fonte luminosa

Um vai e vem, um sobe e desce

Correios elegantes em dias de quermesse

Amores juvenis, sonhos adolescentes

Abraços combinados num compasso

Do tum tum tum do coração

Jovens recordações, amor primeiro

Noites e noites de muita emoção

Nos mágicos bailes do “Galinheiro”

 

Faustino Poeta

13/04/2016- quarta-feira -00h10






 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RUA ANTIGA

 

 

Paraíba, Eleutério

Ah! O nome não importa

Ali tem tanto mistério

Capítulos duma historia

Tanta magia,

Construída a cada dia

Sonhos ,amores ,amigos

Verdes janelas

parreira, cajus,

goiabeiras

danças e brincadeiras

carteado no quintal

vitrola, luz negra, canções

Um bocado de emoções

corações inebriados

imersos em ilusões

Rua antiga. inda habita

dentro do meu coração

 

 

Faustino Poeta.

04/02/2020- terça-feira - 23:14

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

AINDA ONTEM

 

 

Ainda ontem, adolescente

Minha cidade

Palco de cenas, ruas largas

Arborizadas

Praça, jardim, cinema

Canções embalando impossíveis amores

Luz negra em dançantes noites

Clube galinheiro

E o meu coração apaixonado pelo amor primeiro

Aínda ontem, adolescente

Minhas mãos nas tuas num gesto inocente

Teus olhos nos vêrsos em minha poesia

Verdes janelas abertas pra sempre

Ainda ontem, adolescente

Quão grandes amigos me deste de presente

Oh! Minha doce cidade

Hoje em tuas ruas estampas saudades

 

 

Faustino Poeta

04/04/2024- quinta - feira -13:37



Doce Retrato

 

Por tantas vezes tiveste-me em teus braços

Por tantas vezes em tuas ruas derramei meus passos

E tuas lembranças todas as deixei em versos retratadas

Foste personagem principal dos meus poemas

Quando distantes só te tive por retratos

 

Foi no teu berço que chequei menino

E por anos e anos dobrei tuas esquinas

Adolescente me viu rosto quase todo barbado

 Partindo entre um aceno e um choro sufocado

 

E foi assim vendo tua estação cada vez mais longe

As últimas casas, o pontilhão, o estádio, a minha morada

E a imagem de minha mãe nela estampada

 

O tempo levou-me por outros caminhos afora

Hoje em mim restam tuas ruas, tuas histórias

Um quadro vivo que sempre terei em minhas memórias

Desta cidade que viu crescer, um dia partir, ir embora

 

Faustino Poeta

09/12/2013 – sábado -23h20



Ruas

 

Das ruas por onde andei

Eu trago lembranças tantas

Eu trago lembranças tuas

E de amigos que conquistei

 

São tantas idas e vindas

Infância, adolescência

Parapuã és bem vinda

Te amo com veemência

 

A rua do grupo escolar

Segundo ano primário

Logo em frente do ginásio

Hoje Clube Social

Tem especial saudade

Como também não te amar

 

Morava em casa de esquina

Ao lado uma linda menina

Dum verde lindo no olhar

Paraíba rua antiga

Tu guardas tantas lembranças

Que carrego pela vida

Ali eu cheguei criança

No meu barco a velejar

 

Eram tantas brincadeiras

Pé na lata, truco, queimada

Por dias e noites inteiras

Danças, canções na sonata

E quando não tinha nada

Logo algo se inventava

 

Pescaria, salto em vara

Escalada nos barrancos

Desenhos com sombreado

Nada era levado aos trancos

 

 

Serestas, canções na varanda

Dum amigo especial

De dublagens até criamos

Um conjunto musical

“Os Carlos” assim nomeado

Um calhambeque no peito

Dublávamos Roberto Carlos

Tudo lindo, tão perfeito

 

E na matriz, torre alta

Pela escada de madeira

Subíamos lá no topo

Pra ver a cidade inteira

 

Ao todo éramos quatro

Bt1, Bt2, Bt3 e Bt4

Mas sempre outros amigos

Tínhamos do nosso lado

 

Também por mera “zueira”

Adotamos um nome `parte

Tudo com muita arte

Bt1 era o Ananias

Bt2 o Jeremias

Bt3 era o Tobias

E BT4 o Zacarias

 

Agora somos só três

Bt4 foi-se embora

Partiu cedo desta vida

Deixou uma saudade doída

Nem imaginam vocês

 

Qualquer dia, qualquer hora

Pra esta cidade querida

Pra matar saudades vou

Percorrer sua avenida

Hoje tão linda mudada

Desde o trevo ao pontilhão

E aos saltos o coração

Passando por suas ruas

Com muitas saudades nuas

De amores, de amizade

 

Palco de tanta alegria

Quão lindos aqueles dias

De infância, de mocidade

Oh! Minha doce cidade

O cinema e a matriz

Vou retratar num poema

Aquele tempo feliz

 

Faustino Poeta

30/05/2024 – sexta-feira*10h47

]

 



















































 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Era assim antigamente

 

      

Era assim, antigamente

De manhã, batendo os dentes

Minha mãe encorujada

Ia de dentro pra fora

 Vinha de fora pra dentro

 

O café coado, e fresco

Da minha cama me puxava

Então pro fogão de lenha

Onde mamãe cozinhava

Ia me esquentar no fogo

Era frio, eu tiritava.

 

O meu pai logo acudia

Por ali também sentava

Um bom copo de “garapa”

(água doce esquentada)

Um bom causo, enquanto ia

Esperando o arroz cozido

com ovo frito ou linguiça

Que a mamãe preparava

Pra fazer sua marmita

Que levava pro trabalho.

 

 

Quando o dia amanhecia

E papai seguia estrada

A gente se espreguiçava,

O sol já mostrava a cara

Minha mãe então sorria

Corria a olhar as horas

Nos desejava um bom dia

E nos mandava pra escola

Era assim antigamente.

 


E assim por toda a vida

Mamãe nos iluminava

Com seu sorriso bondoso

Com seu olhar de fada

Nossa flor mais encantada

Rainha do nosso lar

Rainha da nossa casa

 

Hoje nos resta as saudades

São tantas as nossas lembranças

Dos tempos de mocidade

Dos tempos da nossa infância

 

Faustino Poeta

13/05/2023

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VELHA CASA

 

Abrindo a porteira

Das minhas saudades

Olho a velha casa

Ninguém na varanda

Ninguém na soleira

A luz apagada

A porta fechada

 

A lua no céu

Afastando as nuvens

Surgindo tão bela

Procura as janelas

Querendo adentrar

Ara! Mas qual

Quem afinal

Vai girar as tramelas

Tirar todas as trancas

Quem das minhas lembranças?

 

Aqui e acolá

jardim descuidado

É flor, é mato

é mato, é flor

erva daninha

ensimesmado

divago, busco e trago

Abrindo as cortinas

do tempo passado

Recrio, revivo

as antigas cenas

de um lindo espetáculo

 

A luz se acende

A porta se abre

Das minhas saudades

Dali todos saem

 

 

A velha casa

Tão minha

Ora abandonada

Tao bela, calada

Tabuas amarelas

Meio desbotadas

Inda conserva

Todas nossas histórias

Todos personagens

 

É onde sempre

Mergulho em viagens

Doce melancolia

E sempre a retrato

Em minha poesia

 

Faustino Poeta-

04/06/2024- terça-feira – 19:11



Meu palácio  

 

Meu palácio encantado

Todo ladeado de estroncas

Tramelas em portas, janelas

E todas elas com trancas

 

Um jardim de primaveras

 Cravos, dálias, várias flores

Com rosas vermelhas, belas

E outras de várias cores

 

No quintal, um poço, um forno

Limoeiro, abacateiro

Cerca de madeira entorno

Paraíso verdadeiro

 

Na frente um verde gramado

Lindo tapete macio

Que hoje está retratado

No coração de quem viu

 

O trem passageiro, saudades

De tempo em tempo me acolhe

Me leva pra mocidade

Com meus sentimentos bole

 

Mas foi doce este passado

Por isso hoje, por certo

Nele às vezes me embriago

E o desenho em meus versos

Faustino Poeta

10/07/2023 – segunda-feira-12h40

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

SUAVE RETRATO

 

 

Nos bailes do “Galinheiro”

Seu Josino, Dona Irene

No salão rodopiavam

Com um sorriso estampado

Tão lindo aquele retrato

Tao saudoso, tão suave

Que inda se encontra guardado

No álbum das minhas saudades

 

Se a seleção começava

Rapazes em disparada

Escolhiam os seus pares

Se não queriam, as moças

Saiam dos seus lugares

Com um pretexto qualquer

Uma “Tábua” disfarçada

O jeito era dar risada

E tenta uma outra vez

 

De longe eu só aguardava

Aquela canção mais bonita

E então eu te olhava

E se você aceitava

A gente logo saia

Pelo salão embalado

Naquelas loucas batidas

Do meu coração apaixonado

 

 

Faustino Poeta

30/10/2015 -sexta-feira – 23:20

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

QUASE MENINO

 

 

 

Eu fico esticando o domingo

Enquanto a segunda não vem

Não me procuro no espelho

Com ele não me aconselho

Nem tampouco me engano

Mesmo ao passar tantos anos

Sou apenas o que sinto

Inda sou quase menino.

 

 

 

Quem comigo está na estrada

pode não se aperceber

O menino que inda habita

Todo meu jeito de ser

Nas emoções nos sorrisos

Em todos os meus sentidos

Pensamento positivo

Vou aprendendo viver.

 

 

Faustino Poeta

 

26/04/2013 - sexta-feira -18:17

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANOS DOURADOS

 

 

Uma canção na vitrola

Um amor no coração

Os pés no chão

Num vai e vem, num compasso

E um tímido suor nas mãos

Olhos fechados, só nós dois

Um sonho que ficou no passado

 

 

Mágicos anos, aqueles dourados

Na rua inda ouço o eco dos seus passos

O balançar do seu cabelo

Seu riso estampado

Um delicioso “oi” ao passar do meu lado

 

Hoje és apenas uma fotografia

Que me espia

Quando te busco nas álbum saudades

Os meus amores, minhas amizades

 

 

Mas este amor criança que cresceu comigo

Que habitou todos os cômodos da minha mocidade

Hoje talvez nem lembre que eu existo

 

 

Faustino Poeta

26/07/2012 – domingo – 20:28

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A MAGIA DOS POEMAS

 

 

 

(I-VI)

mote

Me encantei desde menino 

Com a magia dos poemas

 

I

Nasci quase primavera

Mêsm setembro, quinto dia

Me acolheu a poesia

Nem sabia o quão bom era

A sorte que Deus me dera

Com tantas bençãos supremas

A vida tem lindos temas

Sentimento tão divino

Me encantei desde menino

Com a magia dos poemas

 

Faustino Poeta

01/03/2023 -quarta-feira - 09:26

 

 

II

Transitei em tantos versos

Velejei em mil canções

Me afoguei nas emoções

Amores os mais diversos

Sentimentos tão dispersos

Fui colhendo à duras penas

Inspiração foi apenas

O melhor sopro divino

Me encantei desde menino

Com a magia dos poemas

 

Faustino Poeta

04/03/2023 - sábado -08:35

 

III

Cada dia um novo verso

Que comigo amanhecia

Era a vida que sorria

Ao longo deste universo

Muitas vezes controverso

Mas de amor repleto apenas

Tristezas poucas, amenas

Ser poeta é meu destino

Me encantei desde menino

Com a magia dos poemas

 

Faustino Poeta

13/03/2023 - segunda-feira - 09:25

 

IV

Inspirar-se é entrar

Bem dentro da alma de alguém

Mergulhar como ninguém

No fundo daquele olhar

E o corpo  que se abraçar

Ter perfume de alfazema

Que inebria e algema

Mil versos logo imagino

Me encantei desde menino

Com a magia dos poemas

 

Faustino Poeta

14/03/2023 - terça-feira -13:43

 

V

Tantas palavras bonitas

Fluem, dos meus sentimentos

Inspiração são  momentos

Meu ser por dentro palpita

Minha alma toda levita

Voam todos meus problemas

Amor, o meu melhor tema

Já até ouço som de sinos

Me encantei desde menino

Com a magia dos poemas

 

Faustino Poeta

18/06/2023 - s´bado - 01:11

 

VI

Desde os tempos de outrora

Na meninice dos dias

Nos livros, nas melodias

Na adolescência e agora

Poesia é toda hora

Um elixir pros problemas

Fuga dos nossos dilemas

Dela nunca me declino

Me encantei desde menino

Com a magia dos poemas

 

Faustino Poeta

22/05/2023- terça-feira - 00:00

 

 

 

 

CADÊ MENINO

CADÊ

 

Cadê menino

cadê

Em qual lugar desta estrada

Na caminhada te escondes

Pra onde vais, pra onde?

O tempo te leva nos braços

Pra além daquele espaço

Na linha do horizonte

 

Cadê menino

cadê

Cadê as bolinhas de gude

Que tu jogavas sozinho
Cadê aqueles momentos
Que a mãe te sentava na mesa

Pra te por sapato e meia

Com amor, delicadeza

 

Cadê menino

cadê

Cadê o trem meu menino

Que os levava e trazia

Cadê o apito, o balanço

O largo da estação, a magia

A morada da tua avó

Na cidade de Marilia

 

Cadê menino

cadê

Tua casa de alvenaria

Cadê todos os folguedos

Daquele pedaço de infância

Cadê menino

cadê

Onde guardas tuas lembranças

 

Cadê menino

cadê

Cadê aquela mudança

Pra uma outra cidade

Cadê a escola, o amor

Algo assim tão inocente

Que nunca foi correspondido

e se perdeu para sempre

 

Cadê menino

cadê

Cadê as canções todas

Beatles, Bee Gees, Credence

Cadê o adolescente

Tímido, apaixonado

Cadê o trem do passado

Das nove, das onze, das sete

Cadê o abraço apertado

O choro engasgado

O aceno de mão

O adeus à velha estação

 

Cadê menino 

cadê

Cadê todos os poemas

De amor, solidão, saudades

Que tu semeaste ao vento

Em tempos de mocidade?

 

Te encontras em tantas

lembranças

Mas porque te perguntas

cadê

Ah! Foram tantas andanças

Cadê o amigo

O filho

Cadê o pai

O adulto

Agora tu buscas indulto

Enquanto o tempo

te entrega

as passagens pro futuro

 

Faustino Poeta

04/04/2023- terça-feira-09:42

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MENINICE

 

De manhã

Os cascos dos cavalos nos paralelepípedos

da rua

Acabavam tornando trilha sonora para os meus

 ouvidos

O despertar era mágico

Eram as charretes que entregavam pão e leite

Capô levantado

E as mulheres ao redor batendo papo

Dum lado da casa

O largo da estação quieto àquela

Do outro lado, divisando com o muro, a rua

Ali brincávamos de super-heróis no dia a dia

Quando em férias eu passava em casa de minha tia

 

Foram muito bons esses tempos de meninice

As viagens de trem  com minha mãe

A saída de Tupã, a chegada em  Marilia

O laargo da estação e a emoção que ainda sinto

Quando revivo tudo isso, eu remoço, acredito

 

 

Faustino Poeta

12/12//1989 – terça-feira- 16:06

 

 

TRIBUTO A GONÇALO

 

Rua de Árvores empoeiradas e quietas

Muros altos, fábricas, serrarias

E entre elas uma doce moradia

Doce, porque ali muito amor havia

Na simplicidade do olhar, das pessoas que ali viviam

 

Os ônibus nos deixavam ali nas suas paradas

A rua nascendo à esquerda da avenida

e ao fundo o rio cruzando a estrada

Ainda ecoam nos meus ouvidos os passos

Das idas e vindas, das partidas e chegadas

Das manhãs quando rompendo a madrugada

O sol junto comigo adentrava

 

Foram difíceis aqueles tempos entretando

Houve muitos momentos felizes

Da Gonçalo Madeira pra vida, pra outras ruas e avenidas

Os nossos passos foram levados

A mocidade partiu sem avisos

E no coração ficou bem no canto guardado

Estes belos tempos da Gonçalo

Onde nasceram saudades, onde nasceram amigos

 

Faustino Poeta

12/06/2012- quarta-feira -18:01

MEU PAI

 

Enrolava o fumo de corda

Num pedaço de papel ou palha

Pra depois acender numa labareda

Brasa acesa que lhe iluminava face

Aspirava fundo pra soltar no ar em um segundo

A fumaça que em, caracóis tudo invadia

 

Deixava o olhar se perder em decaneios

Divagava entremeio à recordações

Doces saudades todas enroladas como

Fossem deliciosos bombons

Saboreadas ao som do rádio que em cima da  mea

Deixa fluir melodias que não lhe davam tristeza

Pois só remetiam a momentos bons

 

 

Ah! Quão doce este tempo de nossa meninice

Quando meu pai, entre uma tragada e outra

Nos contava coisas de sua vida ou de sua imaginação

De sua juventude ou de suas paixões

Assim aconchegados sempre ao seu lado

Sentíamos cada vez mais abraçados com sua proteção

 

 

Pai! Gratidão por todos os momentos vividos

Tempos que não voltam mais

Que que ficarão eternamente comigo

que me dão saudades, mas me trazem paz

 

 

Faustino Poeta

28/06/2014 - domingo - 23:50

01/08/2023 -terça-feira - 15:58

 

 

 

 

 

MÁGICOS ANOS

 

Lembrança que me consola

Uma canção na vitrola,

Um amor no coração

 Num vai e vem, pés no chão,

Sempre no mesmo compasso

Um tímido suor nas mãos,

Só nos dois, olhos fechados

Um sonho este meu passado.

 

Mágicos anos dourados

Na rua ainda seus passos

Ouço passando na esquina

Um balançar dos cabelos

Na face riso estampado

Um oi descompromissado

Essa era minha menina

 

O tempo levou embora

Este amor mocidade

Nesta minha travessia

Hoje é fotografia

De amores e amizades 

No álbum das minhas saudades

 

26/07/2012- Quinta Feira -00:23

ROTEIROS

 

(De minha cidade- Tupã)

S e entrares na cidade

Pelo trevo principal

 Seguindo um pouco adiante

Pela “J. Ari Fernandes”

Tem-se a Rodoviária

 De nome “Guerino Seiscento “,

Seguindo um pouco à frente

Passar os trilhos da FEPASA

Deparas com a “Tabajaras”.

 

 E seguindo ela inteira

Até onde a vista vê

Chega-se num sinaleiro

Que dobrado à esquerda

Bem no quarteirão abaixo,

Museu Índia Vanuíre

Contém toda nossa história

Nossos heróis, nossos índios

E todas nossas memórias,

Tudo desde a fundação

E nesse solar sepultado

O fundador Souza Leão

 

 

Mas se você não dobrar

A rua no sinaleiro

Lá é a Praça da Bandeira

Tendo no centro a Matriz,

A delegacia de ensino,

Outrora o Grupo Bartira,

Tem-se o espaço “Zé Pretinho”

Bem de lado a sua esquerda

O Paço Municipal

Arquitetura e beleza

Muito verde, a natureza

Por ali também se vê;

Tem quiosques, tem o “PIT”

Pra turista se informar

Dos pontos de toda a cidade

Para ele visitar

Tem-se também TV Câmara

Que nos mantém informados

De todo acontecimento

E que nos dá conhecimento

De todos por nós votados.

 

 

Descendo “Caingangs “afora

No primeiro sinaleiro

Tem-se a avenida central

Que ali passa e vai embora

 

“Tamoios” é o seu nome,

Nasce quase no Hotel Cazuza,

(antigo colégio de Freiras)

Descendo linda e faceira

Tendo ali no seu começo

Uma agencia bancária,

 E a Policia Militar,

Um monumento aos tropeiros

Que ali vinham descansar

De suas longas viagens.

 

Logo após bem na esquina

Nasce uma obra sonhada

Pelos artistas da terra

De Tupã denominada

Nasce o nosso teatro

O nosso espaço das artes

Bem defronte ao estádio

Alonso Carvalho Braga

Tendo ao lado por vizinhos,

O Ginásio Elias Kenaifes

Totalmente reformado

E o corpo de Bombeiros

Que nos protegem a vida,

Nosso meio ambiente,

Eles são sempre os primeiros

Nos salvamentos e incêndios

Tem nosso agradecimento.

 

Mais abaixo, o cemitério

O primeiro da cidade,

“Cemitério São Pedro”

Onde também são deixados

Os nossos entes amados,

Quando se vão embora, partem

E nos deixam angustiados.

 

Mas voltando à Avenida

A partir daquela esquina

 Que tão linda vai ficar

Bem ao lado do Estádio

Tem um ponto onde noitadas

De luzes, música e festa

Sempre ocorriam por lá,

Era um clube da cidade

Em que só a sociedade

Poderia frequentar

 Isso  são idos de outrora

Pois a sociedade de agora

Pouco aparece por lá

Em verdade está fechado

Pronto pra ser reformado

E em   outra coisa se tornar.

 

 

E como dizia a principio

Que a Tamoios segue afora

Descendo rumo a “Aimorés”

Lojas, bancos, bancos lojas

Olhando todas as vitrines

Descem mulheres, meninas

E alguns engravatados

Que devoram os seus pratos

Nos seus horários corridos.

 

E naquele cruzamento

“Da” Tamoios “e “Aimorés´”

Pra quem desce, à esquerda

Bem lá no fim da baixada

O Clube Marajoara

Agora denominado

Clube dos Comerciários.

 

 

E a rua vai embora

Siga as placas;

Logo à esquerda a Santa Casa

Mas não vire, siga em frente

Num posto de gasolina

A rua em V se divide,

(À direita a rua segue

Bairro do sete/Arco Iris

E aeroporto Faria lima),

(E a esquerda um clube

“Bancários” denominado)

Tendo à esquerda o começo

Do Parque Universitário.

 

Mas daquele cruzamento

Da “Tamoios” e “Aimorés”

 Pra quem virar à direita

Chega-se ao INSS

E pra quem inda não para

A rua segue mais longe

Sobe e desce, desce e sobe

Chega ao parque do Atleta.

Passa outro cemitério

Bem recente inaugurado,

Passa pelo Delta Ville

Vai chegar até Parnaso.

 

Esqueci de mencionar

Que à esquerda do “Atleta”

Após populares casas

Chega-se à Universidade (UNESP).

 

 

Se entrares na cidade

Pelo trevo da “CAMAP”

Inicialmente defrontas

Com a Praça dos Japoneses,

E ali escolheres pode

Seguir “Estados Unidos”

Pra se chegar à Avenida,

 Ou então tens opção

De entrar no “Parque das Nações”,

Ou seguir “Brasil” afora

Passando por “Nhambiquaras”

“Caingangs” e ““Aimorés”

Pra chegar ao Clube “Termas”

O local das águas quentes

Que se encontra abandonado

Até quando não sei

 Se ele será retomado.

 

Mas se estas vindo de” Marília”

E adentrar nossa cidade

Pelo trevo “Chaparral”

Tens de um lado a Vila Inglesa

Ruas largas, que beleza

Até o pontilhão FEPASA,

Tens do outro o Fred Ville

Um condomínio fechado

E do pontilhão à esquerda

A alguns quarteirões acima

A faculdade FAAP

E à esquerda do pontilhão,

 O Cemitério da Saudade.

 

Alguns pontos que omiti

E que são também importantes

Não foi por esquecimento,

Em outra ocasião volto

Volto em outros momentos

Pra exaltar meu sentimento

De amor por esta cidade.

 

 

Terça Feira -09/10/2012

12h42m 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VELHOS RETRATOS

 

 

Cadeiras na calçada, sentados na rua, ao lado do portão e a mercê da lua,

E as minhas mãos ansiosas procurando pelas tuas,

O coração em sobressalto, batendo cada vez mais alto e forte,

O seu anel era o pretexto e eu lentamente ia rodando-o nos seus dedos.

 

Palavras poucas perdiam-se, o silencio é que falava pelos meus sentimentos,

 E no seu olhar às vezes procurava as mesmas emoções que eu sentia,

Doces canções embalavam a ilusão de minha alma,

 Enquanto silenciosa e calma a noite compartilhava comigo a sua energia.

 

Guardei esses momentos de inocente amor e fantasia,

Não com tristeza, nem com saudade,

Mas como prova   de felicidade que eu vivi naqueles dias.

 

A adolescência, a mocidade, são tempos que por mais que o tempo passe

Adocicam nossas lembranças, tornam-se lindos retratos,

Abrem de novo velhos sorrisos quando novamente lembrados.

 

 

 

Faustino Poeta

12/09/2013- quinta-feira - 09h38

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

NAQUELE PEDAÇO DE RUA

 

 

 

Naquele pedaço de rua

Que guarda a lembrança tua

Onde passei tantas vezes

É que plantei meus desejos

Por anos, dias e meses

Ali sonhei com teus beijos

Com o calor do seu corpo

No teu aconchego em meus braços

É lá que inda deixo meus passos

 Na esperança de um dia

Antes que seja tarde

Você ainda me abrace

E me tome por inteiro

 

Naquele pedaço de rua

Que traz tanta lembrança tua

  É lá que deixo os pedaços

Dum coração apaixonado

Traga logo o teu sorriso

E a paz que tanto preciso

Volte nos braços da lua

No amanhecer ou à tarde

No outono ou primavera

A minha alma te espera

Renasce das minhas saudades

 

290/02/2020 – Sábado -14:06

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 JANELAS VERDES

 


Era uma casa, simplesmente,

No meu bairro adolescente

na cidade “Coração”,

de ilusões construída,

E os olhos da minha amada

Se refletiam por nada

Nos jardins e nas janelas.

 

Era um amor tão criança

Que cresceu junto comigo

Foi dos bancos da escola

À primeira Coca-Cola,

Dos abraços na varanda

Às gingadas nas cirandas

Que brincamos pela vida.

Dos carinhos por acaso

No leve tocar do compasso

De uma dança tão antiga.

 

Eram verdes os olhos dela,

Da mesma cor das janelas

Que olhei noites a fio.

Meu coração se apressava

Quando ela me fitava

Ou na calçada surgia.

 

Mas passou tão lentamente

E ficou só refletida

No meu bairro adolescente

Do meu coração adulto.



03/10/2012 - quarta-feira - 12h52

 

 

 

 

 

 

 

 

TRIBUTO A NOSSA TUPÃ

 

 

Tupã, quando a noite vem e te abraça,

Todas as tuas luzes acesas como se fora um céu de estrelas,

Refletem mais e mais a tua beleza,

E por tuas ruas carros e pessoas se entrelaçam,

 E deixam   em tuas esquinas por onde passam,

Sonhos que acalentam os planos de seus passos.

Tupã, cidade que habita eternamente nas saudades,

Nos corações de quem já se aconchegou no teu seio,

De quem quando volta e divisa seus primeiros traços,

E que já vai com ansiedade te estendendo os braços

Tupã, que dia a dia a luz do sol inunda   e desperta,

Que se levanta e segue adiante com fé e confiança,

Que se enfeita toda no ir e vir diário das pessoas,

Nas expressões felizes, sorrisos e outras coisas boas,

És dos nossos corações a eterna chama que nos inflama.

 

 

 

13/03/2013- Quarta-feira – 01h13

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CINZAS

 

 

 

Foram dias, meses, anos em que me viste,

Cheguei por assim dizer moço, peito em alvoroço,

Lembranças raras, cálidas manhãs, o sol despontava,

Foram tantos anos em que segui tuas estradas.

 

E foi aos meus vinte e seis anos o nosso encontro,

Janeiro 77, viagens de trem em finais de semana,

Alguns meses, novos amigos, hotel, trabalho, cinema,

Pacaembu, primeira etapa, uma linda cidade pequena,

 

Adeus” Ascota”, eis que surge uma mudança na rota,

Lágrimas na partida, peito acelerado; Adeus doces “meninas”,

Novos tempos acenam-me, mais perto de casa agora, Adamantina,

A cada dia mais esperança é que no meu ser brota.

 

Em princípio hotel Santo Antônio, por lá novos amigos, Edgar, Joel,

Quatro anos ali vividos, entre sorrisos, trabalho e faculdade,

A tarde praça, carona   de amigo em Ford Corcel,

Meia-noite já era hora de tomar a condução e regressar pra cidade coração: -

E foram tantas as manhãs em que eu despertava sonolento,

Eram dois quarteirões apenas até a estação rodoviária,

Sete horas, expresso Adamantina, oito horas, trabalho,

Quatro anos de viagens   repletas de bons momentos.

 

Em 80, diploma no bolso, curso terminado, Tupã me acena,

Aprovada minha transferência, queria ser advogado,

 Adeus amigos, novamente coração despedaçado,

Volta o filho ao palco de sua primeira cena.

 

 E por anos e anos, os dias ali foram passados a limpo,

Em cada mesa, em cada canto, o perfume de uma presença,

Um bombom que fosse doado por um amigo,

Uma palavra, um gesto, um sorriso.

 

Um abraço quando alguém partia,

 um bem-vindo, quando alguém chegava.

uma tristeza enorme quando alguém seguia e em estrela se tornava.

É!  Foi assim que foram se passando as horas e os dias.

 

E numa noite, veio a chama, veio o fogo, a labareda,

E num espaço que ainda tudo a saudade reportava,

Por entre a fumaça e as cinzas uma história de memórias então findava:

Em nossos corações para sempre Nossa Caixa

 

29/07/2013 –segunda feira- 12h

 

PAI

 

 

Pai.

Vem comigo viajar nestas lembranças

Vem, vamos adocicar tanta saudade.

Como se não existisse tempo e espaço.

São profundos todos esses nossos laços

É imenso esse amor, é de verdade

 

Pai

Senta aqui ao lado como. antigamente

Tire a palha, pega o fumo e o canivete

E faz o teu cigarro enquanto sorridente

Pensa um causo pra logo contar pra gente

 

E nossas retinas tal qual labaredas

Inda tão ardentes de emoção acesas

Com todas suas aventuras vividas.

Naquele seu jeito que inda hoje cativa

 

Vêm.

Faz de novo que eu seja aquele menino

Pra que possa viver tudo novamente

De mãos dadas neste mundo Pelegrino

Pai

Em meu coração você vive para sempre

 

 

 

Faustino Poeta

31/07/2023 - segunda-feira _ 10;38

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VERSOS NO TETO

 

i

Todo horizontal me deito

Me desfio, me desfaço

Carente de um abraço

Dado com todo respeito

Na quietude em meu leito

Essa minha aventura

Pode parecer loucura

Mesmo sem saber se devo

Versos no teto escrevo

Nos momentos de amargura

 

Faustino Poeta

22/03/2023 - terça-feira -12:33

04/05/2023 -quinta-feira - 09:18

 

 

 II

Ah! meus invisíveis versos

Que logo quando me deito

Todo horizontal, perfeito

Brotam de modo diversos

Lá de dentro, submersos

Dos meus lencóis os projeto

Tendo o amor por objeto

É assim que os desperto

Da minha alma os liberto

E os estampo em meu teto

 

Faustino Poeta

22/03/2023 - quarta--feira-23:34

04/05/2023 -quinta--feira - 14:27

 

III

Enquanto via teu rosto

Bailando em minhas lembranças

Alimentava a esperança

De sentir de novo o gosto

A que havia me proposto

De te trazer bem mais perto

Te amar dum jeito mais certo

E detalhar esta cena

Pra retratar num poema

Versos que vão pro meu teto

 

Faustino Poeta

26/03/2023 -Domingol 09:51

05/05/2023 - sexta-feira - 08:31

 IV

E a porta não se abriu

Meu grito pedindo alento

Pensaste que fosse o vento

Naquela noite de abril

Por isso então não ouviu

Logo, todo horizontal

Pensei  seria ideal

Escrever versos no teto

Mesmo não muito concreto

Bem me faria afinal

 

Faustino Poeta

09/04/2023 - Domingo -00:51/09:57

 

V

Vibra por dentro meu ser

Quando em saudades me deito

Vem de dentro do meu peito

Palavras prá te dizer

Quão grande é o meu querer

Te dou todo esse calor

Lá do meu interior

Invisível mas concreto

Todo em versos no meu teto

Como uma prova de amor.

 

Faustino Poeta

30/04/2023- domingo - 09:13

 

VI

Eu, poeta apaixonado

Pelas letras, poesia

No final de mais um dia

Todo horizontal deitado

Coração descompensado

Co'a falta do teu afeto

Incompleto e inquieto

De saudades que molesta

Prá te ter perto me resta

Escrever versos no teto

 

Faustino Poeta

02/05/2023 - terça-feira- 12:05

 

VII

Também não me volte a face

Por favor, não diga, não quero

Meu teto de ti espero

Que os meus versos abrace

Quem sabe a tristeza passe

Neles me coloco inteiro

AH! Fosse ou nao passageiro

Isso dentro do meu peito

Pra fora, de qualquer jeito

Eu expulsava ligeiro

 

Faustino Poeta

07/05/2023 - domingo - 22:01

 

VIII

Oh! Meus sonhos, sois poeira

Que o vento assopra sem dó

Hoje horizontal e só

Tento de toda maneira

Esse amor da vida inteira

Reescrever no teto em verso

Mesmo em rumo diverso

Onde a razão ja não cabe

E o coração nada sabe

Tudo é tão controverso.

 

Faustino Poeta

24/05/2023- quarta-feira - 05:41

 

IX

Te deixo versos escrito

Toda vez quando me deito

Fogo ardente no meu peito

Um sonho jamais prescrito

O amor por ti é transcrito

De coração, eu nao minto

Verdade mesmo, pressinto

Que nos momentos de calma

É que brota da minha alma

Pro teto , a paixão que sinto

 

Faustino Poeta

18/06/2023--domingo - 23:10

 

X

Todo horizontal me deito

Do real eu me retiro

Em você é que me inspiro

Minhas emoções espreito

Fito o teto e me deleito

Nos versos que nele deixo

Coisas de quebrar o queixo

Reflexo de amor, desejo

E é assim que me vejo

Perdido em meu próprio eixo

 

Faustino Poeta

21/07/2023- sexta-feira - 20:18

 

XI

Meu teto e eu, eu e meu teto

Tete a tete, face a face

Neste dia em desenlace

Só ele, amigo dileto

Prá me ouvir por completo

Mesmo invisíveis meus versos

Todo em amor submersos

Tudo isso me acalma

Emoções do fundo d'alma

Meus sentimentos diversos

 

Faustino Poeta

22/07/2023 - sábado- 00:28

 

XII

Teto, teto, Oh! Meu teto

Toma lá mais este verso

O âmago, meu reverso

Com todo amor e afeto

Por favor, seja discreto

Só você meu confidente

Que me escuta, que me entende

Te conto neste poema

O meu sofrer, minhas penas

Meu amor inconsequente

 

Faustino Poeta

01/08/2023 - terça-feira - 20:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E AGORA CARLOS

 

O relógio da matriz badalava dezoito horas. Era uma tarde ensolarada de janeiro. O ano de 1971 mal começara. Até então dos anos 60 aos 70 tinha sido um período leve, Carlos dedicara-se especialmente aos estudos. A cidade em que morava era aconchegante, cada rua, cada esquina pra ele tinha toda uma história que o acompanharia pro resto dos seus dias.

 A família mudara-se para ali quando ainda estava no início dos seus oito anos. Quantas coisas vividas, quantas brincadeiras, quantos sonhos.

Quando ainda em tempos de grupo escolar Carlos escreveu seus primeiros versos, coisa boba, sem muito sentido, sem muito trabalho nas palavras, mas era a semente que nascia.

 Já se interessava pelas aulas de linguagem, era assim que se dizia na época, a professora adentrava na classe e num cavalete, dia a dia, ia desvendando lindas gravuras, que lhe despertava histórias, que até então estavam adormecidas.

 Cada composição que fazia era uma viagem, isso mesmo, composição: A professora dizia mesmo assim escolhendo uma figura: Hoje vamos fazer Composição à vista de uma gravura.

Depois no curso ginasial eram os livros de português. Logo no início do ano, quando os livros chegavam, Carlos devorava página por página, cada poesia, cada história ali contidas. E havia poesias lindas. E havia histórias emocionantes. “Onde há poesia há amor, onde há amor há poesia”.

As canções foram chegando uma a uma, uma verdadeira trilha sonora para todos aqueles tempos de vida. Os versos foram brotando como se fosse um sol adentrando janelas abertas por suas emoções. A família era todo amor e mesmo na simplicidade que os envolvia podia-se dizer que todos eram felizes.

 Belos anos dourados aqueles repletos de risos, sonhos e paixões. Afinal qual é o adolescente que não se apaixona. Quando um olhar vem de encontro, quando mãos se tocam, quando as pernas tremem e as batidas do coração calam a v oz que acaba morrendo na garganta. Assim era Carlos.

 Os anos foram voando calendários afora, como borboletas que despertas de casulos saem pela vida. Não se reconhecia mais como menino, já era um rapaz. O olhar de sua mãe apreensivo e triste, o seu pai enrolando o cigarro de palha talvez pra disfarçar a emoção daquele momento. Carlos parado ali frente à frente com a porta que dava para a rua, refletiu por instantes e se perguntou: Será que ainda sou capaz de fazer isto”?

E agora Carlos! E agora!

Da soleira pra fora, parecia-lhe um enorme abismo que ele estava prestes a entrar. As malas estáticas no chão. Os olhos lacrimejantes. Como era difícil dizer um adeus pra aquilo tudo. Mas era tão necessário.

Por que será que os filhos crescem e tem que deixar o aconchego dos pais. Ainda que isso lhe passasse pela cabeça, sabia que era preciso encarar. Era preciso seguir.

Voltou-se tentando colocar um sorriso no rosto, que embora por mais que se esforçasse, tinha uma ponta de tristeza. Abraçou sua mãe como se quisesse retê-la pra sempre em seu coração. Depois se voltou para o pai e também mergulhou no seu abraço. Guardou pra sempre aquele retrato, os pais, os irmãos.

Tomou as malas nas mãos e deu um passo. Pronto, agora era ele e o mundo. Quantas histórias ainda teria pra viver. O trem passando sob o pontilhão que era a o cartão de boas vindas da cidade, deu um longo apito. Carlos olhou as casas que pouco a pouco se distanciavam, sufocou na sua garganta um grito enquanto o vento espalhava lágrimas pela sua face.

 

Faustino Poeta

 09/12/2017 – sábado - 16:45

 

 

 

 

 

 

 

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